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ORIENTAÇÃO
DE PAIS
Em
30 anos atendendo crianças, adolescentes e pais vejo que as dificuldades,
dúvidas e queixas não mudaram muito apesar de tantas mudanças
no mundo e principalmente nos relacionamentos que ficaram mais livres,
diretos e quase sem barreiras.
Frases como:
"as crianças de hoje são mais espertas do que as de
antigamente..."; "o mundo de hoje não é igual
ao de antigamente..."; "todo mundo faz desse jeito, minhas amigas,
minha irmã..."; "se eu não deixar minha filha
ir onde quer, ai de mim!!! Ela vai me odiar e vai ser discriminada pelas
amiguinhas!...";”tenho que ser amiga de meu filho para que
ele me conte sobre os amigos e o que acontece enquanto não estou
em casa”; “vejo tão pouco meus filhos durante a semana
que no fim de semana, faço tudo que eles querem para compensar
minha ausência”, e por aí a fora....
E assim, estes pais sem referencias de como ser pai e mãe vão
aceitando estas frases, sem questionar, sem refletir, às vezes
até sem confirmar se é assim mesmo nas outras casas. Estas
crenças viram regras e estabelecem-se comportamentos estereotipados
de crianças, adolescentes e pais que representam papeis sociais
“naturais” que não tem nada a ver com seus princípios,
valores e necessidades.
E assim vai-se criando um abismo na relação pais-filhos,
eles representam papeis: “pais que fazem tudo por seus filhos”;
“filhos felizes porque tem tudo que uma criança quer”;”o
melhor amigo do (a) filho (a)”; “adolescente contestador porque
tem muita opinião e não leva desaforo pra casa”; “a
criança mais popular da escola”,...... Tudo parece perfeito
neste mundo de altas expectativas e performances. Até que os pais
são chamados na escola porque o filho não respeita os professores,
agride fisicamente os colegas, não para quieto na sala e seu rendimento
é péssimo, é excluído do grupo porque não
participa da bagunça ou se destaca nos estudos, etc.
Por conta de queixas escolares, a criança/adolescente vem para
terapia e aí aparecem os verdadeiros problemas entre pais e filhos.
1. Distúrbios no sono da criança, com agitação
noturna ou medo de dormir sozinho, é tratado levando a criança
para o quarto dos pais. Como a criança passa a dormir , o problema
está resolvido.
2. A criança tem 5 anos e à noite faz xixi na cama, coloca-se
a fralda noturna e o problema está resolvido. "Vai passar,
pois o pai também fez xixi até 10 anos. E viu, passou? Vamos
esperar..."
3. Um adolescente que não está inserido em nenhum grupo,
mas é muito bonzinho, não reclama e só sai com os
familiares. Qual é o problema? Cada um tem a sua personalidade...
4. A sociedade está mais competitiva, portanto temos que preparar
para o futuro por isso meu filho faz inglês, natação,
judô, balé, etc. "Todo mundo faz ,claro que ele vai
dar conta..."
5. Como ele é muito agitado ou agressivo, coloquei num esporte
para "descarregar". Assim ele se cansa e fica quieto...
6. Meu filho de 3/4 anos tem medo de fazer coco. Eu coloco a fralda só
nesse momento para que ele consiga evacuar...
7.
Como meu filho é muito desligado, não consegue estudar muito
tempo, por isso sempre está com professora particular...
8.
Meus filhos ficam na frente da TV até tarde. Enquanto nós
não deitamos, eles também não vão para cama.
Pelo menos é uma hora que a família pode estar junta...(na
verdade, cada um fica no seu quarto, com sua TV, vendo seu programa favorito)
Cada uma destas situações está ligada a crenças
e dificuldades dos pais em lidar com estes conflitos. Não adianta
dar receitas de como fazer pois é preciso esclarecer o porquê
da situação e a parte de cada um na manutenção
deste comportamento disfuncional. Só assim, cada um poderá
estabelecer uma forma mais saudável de lidar com seus conflitos
internos e anteriores a situação apresentada.
A orientação de pais é um atendimento
focado para pais e famílias de crianças e adolescentes ou
adultos que apresentam dificuldades de relacionamento, de ajustamento
social, uso de álcool/drogas, comportamentos disfuncionais, transtornos
psiquiátricos. Tem como objetivo auxiliar o casal a resgatar seus
próprios recursos no enfrentamento das dificuldades quotidianas,
o esclarecimento do diagnóstico apresentado, compreender as dificuldades
de cada parte no conflito e dos familiares entre si e buscar nova formas
de lidar com a situação de forma mais produtiva.
Alguns
dos principais motivos pela procura são:
•
Dificuldades de relacionamento entre o casal
• Infertilidade de um ou de ambos os membros do casal
• Dificuldades encontradas nos processos de adoção
• Separações e divórcios
• Morte de um dos membros da família
• Dificuldades na colocação de limites para os filhos
• Queixas escolares das crianças, dentre outros.
Também é comum que só a mãe ou só o
pai busque a orientação para a família, seja por
questão de divórcio, morte do cônjuge ou descrédito
do parceiro.
O
objetivo é aprender a administrar conflitos, diminuir a dor psíquica
e melhorar o relacionamento entre pais e filhos.
O atendimento pode ocorrer por um período determinado ou em sessões
esporádicas, dependendo da necessidade e disponibilidade de cada
um.
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