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Como
ajudar um amigo enlutado
Familiares
e amigos podem ajudar passando algum tempo com a pessoa enlutada. Nesses
casos, não tanto pelas palavras de conforto necessárias,
mas sim a presença solidária durante o tempo de sua dor
e de sua angústia. Um ombro amigo, compreensivo e mesmo silencioso
expressará grande apoio quando as palavras não são
suficientes. É importante dar para as pessoas tempo suficiente
para se lamentarem.
Ajudar com a limpeza, compras ou cuidar de crianças pode aliviar
o fardo inicial de estar sozinho. Idosos enlutados podem precisar de ajuda
com as tarefas que o falecido companheiro fazia - lidar com contas, cozinhar,
doméstico, ficando o carro à oficina e assim por diante.
Ter alguém do lado é importante quando as pessoas enlutadas
sentem vontade de chorar ou falar sobre seus sentimentos de dor e sofrimento.
Embora os sentimentos do luto acabem passando com o tempo, antes disso
muitas pessoas pesarosas precisam falar e chorar. Quando não se
sabe o que dizer para a pessoa enlutada é importante ser honesto
e dizer isso para ela. Isto lhe dará a chance dela própria
dizer o que quer.
As pessoas muitas vezes deixam de mencionar o nome da pessoa que morreu
para a pessoa em luto por medo de que seja perturbador. No entanto, para
a pessoa enlutada isso pode parecer que os outros estão se esquecendo
de sua perda. Alguns podem achar difícil entender por que a pessoa
enlutada quer continuar no mesmo lugar, na mesma casa em que viva com
a pessoa querida antes da morte, mas isso é parte do processo de
resolução da dor e não deve ser desencorajado.
Também deve ser lembrado que ocasiões comemorativas (não
só da morte, mas também aniversários e casamentos)
são particularmente dolorosas quando amigos e parentes fazem um
esforço especial para estar junto. Nessas ocasiões a pessoa
enlutada deve resolver o que será melhor para si.
Existem pessoas que não parecem sofrer tanto e impressionam a todos.
São pessoas que não choram no funeral, evitam qualquer menção
de sua perda e voltam à sua vida normal com rapidez impressionante.
Isso pode não significar falta de sofrimento, mas sim uma forma
particular de lidar com perdas e danos, um mecanismo de defesa contra
o sofrimento. Algumas pessoas não se permitem lamentar com franqueza
seus sentimentos, outras não têm essa oportunidade devido
às pesadas exigências de cuidar de uma família ou
de uma empresa. Outras pessoas podem manifestar sentimentos mais exuberantemente
e até mesmo sofrer estranhos sintomas físicos de origem
emocional ou quadros de depressão que se repetem ao longo dos anos
seguintes.
Devido as reações vivenciais não-normais alguns enlutados
podem começar a desenvolver um luto crônico e persistente.
As sensações iniciais de choque e de descrença podem
durar anos, com notável dificuldade em acreditar que a pessoa amada
está morta. Outros podem continuar incapazes de pensar em outra
coisa além da perda, muitas vezes fazendo o quarto da pessoa morta
uma espécie de santuário para a sua memória.
A depressão, comum a quase todos os lutos, pode tornar-se muito
mais grave, e um sinal disso pode ser quando a comida e a bebida são
recusadas, assim como quando pensamentos de suicídio aparecem.
Ocasionalmente, noites insones podem continuar por muito tempo e tornar-se
um problema sério. Se a depressão continua por muito tempo,
fugindo à norma da fisiologia do luto normal, pode haver necessidade
de tratamento médico à base de antidepressivos e psicoterapia
por algum tempo.
O luto vira o mundo da pessoa de cabeça para baixo e é uma
das experiências mais dolorosas. Pode ser estranho, terrível
e avassalador. Apesar disto, é uma parte da vida que todas as pessoas
estão fadadas e geralmente não requer atenção
médica. Entretanto, ao perceber-se agravamento do quadro depressivo,
notadamente em pessoas com antecedentes de transtorno afetivo ou do humor,
recomenda-se pronta intervenção terapêutica.
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