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LIDANDO
COM AS PERDAS DA VIDA
Quando descobrem que estão com uma doença grave ou isto
acontece com uma pessoa muito próxima, a morte inesperada de alguém
que amam, ou com quase todos os outros tipos de perda, passam por estágios
comuns até a elaboração do luto
1º. Estagio: choque e negação, não querendo
acreditar na realidade.
2º. Estagio: raiva, revolta (contra tudo, todos e até contra
Deus) e muita mágoa.
3º. Estagio: passam a negociar com Deus e com a vida, tentando fazer
trocas e promessas.
4º. Estagio: ficam deprimidos, perguntando-se “por que eu?”,
“por que ele(ou ela)?”ou “por que comigo(ou conosco)?”.
5º. Estagio: retrair-se por algum tempo, afastando-se dos outros,
enquanto buscam alcançar um estado de entendimento, paz, aceitação;
de aceitar aquilo que não pode ser mudado. (E. Kubler-Ross).
A evolução é individual e vai depender muito do suporte
que recebem do meio, dos amigos, de terapeutas ou orientadores; do entendimento
que têm sobre a vida e sua finalidade, de suas crenças filosóficas
e/ ou religiosas e outros aspectos.
Muitos param em determinada fase e não vão adiante na superação
da perda que já aconteceu ou, no caso de doença, vai ocorrer;
Alguns pulam de uma fase para outra, podendo retornar à fases anteriores;
Outros caminham para a superação.
Seguem-se algumas sugestões que podem ajudar nesta fase
difícil :-
1-Fale sobre sua perda e sua dor
Nos primeiros meses muitos têm esta necessidade, deixe que os outros
saibam que este assunto não deve ser evitado e que lhe faz bem
falar sobre isto, abrir-se com alguém de confiança, ajuda
no entendimento e na aceitação. Quando os amigos entendem
o processo, percebem que ouvindo e compartilhando o sofrimento, estão
ajudando; e você vai se sentir melhor desabafando. Entretanto, em
algumas situações, ou com algumas pessoas, quando não
quiser falar sobre o assunto, também diga isto claramente.
2-Enfrente o sentimento de culpa
Quando se perde alguém importante é difícil sentir
que se fez o bastante. Discutir este sentimento com alguém compreensivo
e de confiança vai ajudar a distinguir a culpa real e irreal e,
aos poucos, esta começa a diminuir. Não pode se sentir responsável
por não prever os acontecimentos, ou culpa como se tivesse tido
a intenção de prejudicar alguém. Além do mais,
temos que aceitar a realidade de que ninguém é perfeito,
fazemos o possível de acordo com nossa capacidade.
3-Trabalhe os sentimentos de raiva e revolta
Estes sentimentos existem em face de uma grande perda; é importante
percebê-los e expressar os sentimentos de raiva e amargura. Não
adianta negá-los ou envergonhar-se deles, são normais e
irão desaparecendo com o tempo e a aceitação do fato.
4-Idealização
Há uma fase em que a pessoa pensa em suas falhas como pai, mãe,
filho, cônjuge, irmão, namorado ou amigo... e vê a
pessoa que se foi como um ser perfeito. Com o tempo, começará
a vê-la como um ser humano real, com suas qualidades e defeitos,
assim como todos nós.
5-Não se isole
Mesmo que não se sinta à vontade para compartilhar seu sofrimento
e prefira ficar sozinho, precisa buscar a companhia de outras pessoas.
Amigos e familiares que o estimem podem ajudar muito. Não se esqueça
que não está só; muitos o estimam, querem lhe dar
amor e conforto, assim como precisam do seu amor e atenção.
Isto consola , renova suas forças e ajuda na construção
de novos objetivos e, com o tempo, a recuperar a alegria de viver. Estas
pessoas podem fazer muito por você e você por elas.
6-Mudança de valores
Diante da morte ou de uma grande perda, a pessoa tende a repensar seus
valores, a reavaliar seus objetivos de vida; deixar de lado coisas que
anteriormente valorizava e que agora percebe que são insignificantes
e/ou fúteis, e a valorizar aspectos que percebe serem realmente
mais importantes. Muitas vezes implementa mudanças positivas na
sua maneira de ser e de viver, tornando-se menos preocupada com o ter
e mais com o SER, evoluindo moral, emocional e Espiritualmente.
7-“Nunca mais serei o mesmo”...
É freqüente haver um grande sofrimento neste pensamento que
pode ser real, mas isto não significa que nunca mais possa ser
feliz. Embora esta idéia possa parecer inaceitável no período
do sofrimento, as transformações podem nos enriquecer. Geralmente
é isto que acontece, quando a pessoa aceita trabalhar e superar
a fase de mágoa e revolta, decidindo que pode e deve viver o melhor
possível.
8-Evite decisões importantes ou grandes mudanças
O primeiro ano após a perda, geralmente não é um
período adequado para tomar decisões importantes ou fazer
grandes mudanças, a menos que as circunstâncias o exijam.
Uma pessoa amargurada tem a capacidade de julgamento diminuída.
Se algumas mudanças forem necessárias e inadiáveis,
peça a ajuda de alguém competente e não envolvido
emocionalmente com os problemas.
9-Reserve períodos e local para lembranças
Não fique o tempo todo pensando e vendo objetos da pessoa que se
foi. Coloque alguns pertences dela numa caixa ou armário, não
os deixe espalhados.Tente reservar algum período específico
do dia (no início), da semana ou do mês, para pensar na pessoa
e no seu luto, quando também poderá rever os objetos. Evite
fazer isto o resto do tempo, pois nada de bom e útil se consegue
com a tristeza contínua. Para algumas pessoas isto não é
fácil de conseguir, mas é necessário à sobrevivência
e recuperação.
10-Prevendo dias e datas difíceis
É útil saber que vai sentir-se mais triste, solitário
e infeliz em certos dias e datas do que em outros, isto mesmo após
já ter-se passado algum tempo e com a vida mais estabilizada. Estes
dias especiais geralmente envolvem datas de aniversário, Natal,
passagem de ano, Páscoa e outros, onde a falta da pessoa se faz
mais presente. Planeje passá-los com amigos ou familiares, pois
é provável que fique mais triste, choroso e deprimido que
em outras ocasiões. Não se isole, é bom que esteja
em companhia de pessoas que o estimem.
11-A crença de que a vida transcende nossa estada na terra
e num Ser Superior
Desde a antiguidade, a maioria dos povos de todas as regiões do
globo,com culturas e religiões diferentes, acredita na imortalidade
da alma ou espírito e na existência de um Deus ou “Algo
Superior”. Isto é quase que uma intuição que
nascemos com ela. Um Ser com Amor Incondicional e Sabedoria, perfeito
e justo, não castiga as pessoas, mas sempre quer o seu bem, sua
evolução, mesmo que muitos de nós ainda não
tenhamos a capacidade para entender o porquê de muitos acontecimentos.
Hoje, mais do que nunca, temos tido provas da imortalidade do espírito
e de que tudo na vida tem um propósito positivo, que nada acontece
por acaso. Mesmo que não seja religioso, esta crença traz
consolo. Pensar que a pessoa não acabou, mas apenas deixou seu
corpo e transferiu-se para um tipo de vida diferente, em outro plano,
faz com que as pessoas sintam-se melhor diante da perda; e significará
que a separação é temporária, não definitiva.
É importante saber que pudemos desfrutar da companhia de algumas
pessoas especiais, mesmo que por breve tempo, que nos deixam muita saudade...Só
se tem saudade daquilo que foi muito bom...
12-Culpa por sentir-se bem
É comum as pessoas não se permitirem alegria após
uma grande perda, não aceitando convites de amigos, ou evitando
atividades agradáveis. Não lute para continuar sendo ou
parecendo infeliz. Perceba que sentir-se contente, ter novos objetivos,
não é deslealdade nem significa que não ama ou está
esquecendo o ente querido. Conseguir prazer em algo significa que está
trazendo um pouco de alívio ao seu sofrimento; retomando ou recomeçando
a construir sua vida. Além disso, se a pessoa que se foi o estima,
com certeza gostaria de vê-lo bem e não sofrendo, preferiria
vê-lo contente e isto lhe daria mais tranquilidade. Procure investir
em seu bem estar, engajando-se em atividades produtivas e que lhe são
agradáveis, e poderá tornar sua vida melhor ainda do que
antes, se aprendeu algo com o acontecido, se cresceu com o sofrimento
e compreensão do que é realmente mais importante na vida.
13-Reajuste-se à vida e ao trabalho
Tirar alguns dias ou semanas para reequilibrar-se e, depois, uma folga
ocasional, quando necessário, é perfeitamente normal. Mas
as atividades devem ser retomadas assim que for possível, pois
são importantes no processo de recuperação. Seja
paciente consigo mesmo, porque nos primeiros meses sua capacidade física
e mental podem não ser as mesmas. Deve diminuir sua carga horária
ou o número de atividades, se sentir que é excessiva; mas
a inatividade prolongada faz as pessoas repetirem ou prolongarem a fase
depressiva sem nenhum benefício. Com o tempo poderá também
perceber que é importante utilizar um pouco da sua energia em uma
atividade que possa ajudar outras pessoas e/ou instituições,
saindo um pouco de seu pequeno mundo e percebendo a importância
e bem estar que traz ajudar ao próximo, de conseguir tornar outros
um pouco mais felizes e menos carentes física e psicologicamente.
14-Liberte-se de expectativas irreais
Acreditar que a vida deveria ser diferente, não envolvendo escolhas
dolorosas, sofrimentos e perdas é irreal e só traz revolta,
o que só prejudica. Tornando nossas expectativas quanto a nós
mesmos, aos outros e à vida mais realistas, fica mais difícil
nos frustrarmos e mais fácil nos adaptarmos. Ninguém passa
por situações que não mereça, por puro acaso;
nem enfrenta uma carga maior do que a que tenha capacidade para carregar.
Saber que não vivemos num mundo desorganizado e que existem leis
universais, “nada acontece por acaso”; tudo tem uma razão
de ser justa e produtiva, nos leva a encarar os acontecimentos (com relação
a nós e aos outros envolvidos), mesmo os mais difíceis,
como oportunidades de aprendizagem e crescimento.
15-Integrando a perda
As pessoas não “têm” que ser “vítimas”,
qualquer que seja a perda, por pior que tenha sido. Situações
de muito sofrimento podem ser transformadas em aprendizado. É preciso
deixar de lado as perguntas centradas no passado (que é imutável)
e no sofrimento (“Por que isso aconteceu comigo”?) e começar
a fazer perguntas que abrem as portas para o futuro:- “Agora que
isto aconteceu o que posso e devo fazer? O que posso aprender com isto?
O que posso fazer para Ser e sentir-me melhor?” Geralmente quando
chegamos à fase da aceitação, atingimos a compreensão
e crescemos com a experiência, a dor se vai. Fica a saudade de uma
pessoa com a qual convivemos e que nos proporcionou bons momentos e ensinamentos,
tanto com suas qualidades, como com seus defeitos; com a qual compartilhamos
uma parte de nossa vida. Só se tem saudade de algo que foi bom
ou nos trouxe algo de positivo. Deve ser mais triste não ter de
quem sentir saudade, seja de uma pessoa deste ou de outro plano.
16-Pesar excessivamente longo
Quando um sofrimento excessivo consome alguém por mais de um ano,
geralmente o problema principal não é a perda em si, mas
algum outro aspecto que precisa ser entendido. Muitas vezes isto ocorre
quando havia uma dependência excessiva em relação
à pessoa que se foi, quando a culpa por algum motivo é um
componente muito forte na situação, problemas emocionais
pessoais ativados ou reforçados pela perda ou outras razões
significativas. Amigos, conselheiros ou um psicólogo podem ser
necessários neste caso.
17-Procure ajuda profissional, se necessário.
A maioria dos que procuram ajuda de psicoterapeuta não são
doentes mentais, são pessoas comuns enfrentando problemas, passando
por uma crise e muitas delas sofrendo uma perda. Um profissional da área
é alguém com quem você pode dividir seu sofrimento,
sua revolta, seu medo, suas lembranças dolorosas, sua culpa e seus
conflitos; que pode compreendê-lo e ajudá-lo. As sessões
de terapia podem ajudá-lo também a tomar decisões
práticas que o farão sentir-se melhor. Você pode precisar
de apenas algumas sessões, muitos meses para superar a fase mais
difícil, ou mais tempo; tudo vai depender do significado individual
da perda, da maneira como reage às crises e à terapia.
No início do pesar, uma das formas mais comuns de manifestar o
sofrimento é resistir a crescer com ele. A vida pode ser prejudicada
ou fortalecida por uma perda. Ninguém permanece o mesmo. Cada situação
é única e só a própria pessoa pode buscar
e encontrar respostas relativas ao “outro eu” e à outra
vida que vão emergir.
Bom trabalho!
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